Refúgio do Tempo

Os últimos raios do Sol passavam entre as montanhas distantes e o canto dos pássaros começava lentamente a silenciar, enquanto as primeiras estrelas pontilhavam o céu e a escuridão tomava conta daquela paisagem. O vento antes morno começou a esfriar e logo a escuridão era total. Mas ele permaneceu deitado e imóvel onde estava.

Ali, sozinho e no escuro, os segundos tornavam-se minutos e os minutos acumulavam-se em horas.
Distante… | Créditos: APOD

A Lua cheia começou a brilhar no céu escuro e estrelado clareando um pouco as montanhas distantes e o topo das árvores mais altas, e nuvens muito brancas vagavam pela imensidão lançando sombras que vagueavam sobre as montanhas naquela paisagem noturna. Contemplar aquilo era uma fuga do próprio mundo.

Distante do barulho, distante das luzes, distante das pessoas, distante da dor… Distante…

Os pensamentos começaram a voar e se distanciaram daquele lugar. Voltaram a sua infância, foram ao seu passado, percorreram sorrisos e lágrimas, felicidade e dor. E então, ele adormeceu. O vento frio soprava e fazia as árvores balançarem enquanto as nuvens brancas continuavam a percorrer o céu. E o tempo passou…

O céu começava a clarear lentamente e o canto dos pássaros despertava a manhã, enquanto os primeiros raios do Sol já iluminavam o horizonte. Ele permanecia deitado e ainda adormecido praticamente no mesmo lugar, mas muitos anos haviam se passado desde aquela noite.

Sozinho, um coração de pedra sangrando, arrependido pelas coisas que não teve, e por tudo o que nunca encontrou, e por todos os sonhos que deixou para trás. Aquilo era tudo o que havia lhe restado. Aquele lugar esquecido havia se tornado o seu refúgio.

* Adaptado de Como estrelas no céu…, inspirando em Believe - Trans-Siberian Orchestra.

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